Se fosse um homem de bem, teria morridi
Enviado por Francisco Augusto - Murici
Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais dizer: “Se fosse um homem bom, teria morrido.”
Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois, com efeito, muito frequentemente sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda principiante prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça de ter tão curta quanto possível a sua provação.
Por conseguinte, quando vos utilizais daquele ditado, não suspeitais de que proferis uma blasfêmia.
Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau homem, logo observais: “Antes fosse este.”
Enunciais um absurdo, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não haja principiado a sua.
Por que, então, haveríeis de querer que ao mau faltasse tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre?
Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta não tivesse direito?
Ficai sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis em cativeiro.
Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas.
Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem.
Tão limitadas, no entanto, são as vossas compreensões, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos limitados.
Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material que, nesse caso, se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito da vossa existência espiritual, única existência verdadeira.
Fénelon
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V (subtema: Bem-Aventurados os Aflitos)