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Por Globo Esporte G!     |     21.07.2017 - 11H41
Provas do "Caso Fifa" chegam ao Brasil, que inicia investigação própria

 

Provas do "Caso Fifa" chegam ao Brasil, que inicia investigação própria

Autoridades paraguaias enviam ao Brasil documentos apreendidos na sede da Conmebol; Ministério Público Federal vai apurar se houve crime cometido por brasileiros


A CBF, dirigentes de clubes da elite do futebol brasileiro e empresas de marketing esportivo que têm ou tiveram relação comercial com a Conmebol são os alvos de uma recém-iniciada investigação do Ministério Público Federal, com base em documentos enviados ao Brasil por autoridades do Paraguai. A investigação está sob sigilo.

Em janeiro de 2016, a pedido dos EUA, o Ministério Público do Paraguai fez uma operação de busca e apreensão na sede da Conmebol, em Assunção. O material recolhido foi enviado para o Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, onde corre o "caso Fifa" – que tem três cartolas brasileiros entre os indiciados: o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e seus antecessores José Maria Marin e Ricardo Teixeira.

Após mais de um ano de negociação, chegaram ao Brasil dezenas de caixas contendo contratos, comprovantes de depósitos bancários, escrituras, anotações, trocas de correspondência e inúmeros arquivos digitais com informação sobre a relação de brasileiros com a Conmebol. Manuel Doldán Breuer, promotor de Assuntos Internacionais do Paraguai, confirmou ao GloboEsporte.com a conclusão da cooperação com o Brasil.

José Maria Marin, Nicolas Leoz  e Juan Ángel Napout: todos presos (Foto: AFP) (Foto: ) José Maria Marin, Nicolas Leoz  e Juan Ángel Napout: todos presos (Foto: AFP) (Foto: )

José Maria Marin, Nicolas Leoz e Juan Ángel Napout: todos presos (Foto: AFP) (Foto: )

O material chegou à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, que o redistribuiu para procuradores em cinco estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Eles vão avaliar se há indícios de crimes cometidos por brasileiros. Em junho do ano passado, o GloboEsporte.com revelou que documentos apreendidos na Conmebol quase apodreceram embaixo de uma goteira no prédio da entidade.

O "Caso Fifa", que estourou em 2015 com a prisão de José Maria Marin e vários outros dirigentes, mostrou que a Conmebol estava no centro da corrupção do futebol mundial: seus últimos três presidentes – Nicolas Leoz, Eugenio Figueredo e Juan Angel Napout – estão presos.

A atual administração da confederação pediu ao Ministério Público do Paraguai que investigue desvios de quase US$ 130 milhões cometidos por seus ex-presidentes. Há ainda uma apuração em curso no Uruguai, onde Eugenio Figueredo está preso. Agora chegou a vez do Brasil.

Marco Polo Del Nero é acusado de corrupção nos EUA (Foto: Reuters) (Foto: ) Marco Polo Del Nero é acusado de corrupção nos EUA (Foto: Reuters) (Foto: )

Marco Polo Del Nero é acusado de corrupção nos EUA (Foto: Reuters) (Foto: )

Parte do material enviado ao Brasil será usada por promotores americanos contra o ex-presidente da CBF José Maria Marin, o ex-presidente da Conmebol Juan Angel Napout, e o ex-presidente da federação peruana Manuel Burga. Entre os 27 acusados no "caso Fifa" que cumprem prisão domiciliar nos EUA, eles são os únicos que se dizem inocentes, não colaboram com a justiça e estão dispostos a enfrentar julgamento – marcado para o dia 6 de novembro.

Marin é acusado de receber propina para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos da CBF e da Conmebol. Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira são acusados dos mesmos crimes. Em documento tornado público neste mês, promotores americanos afirmaram:

– Vamos provar que Marin, Teixeira e Del Nero receberam propina.

Governo dos EUA diz que vai provar o recebimento de propina por parte de cartolas brasileiros (Foto: Reprodução) (Foto: ) Governo dos EUA diz que vai provar o recebimento de propina por parte de cartolas brasileiros (Foto: Reprodução) (Foto: )

Governo dos EUA diz que vai provar o recebimento de propina por parte de cartolas brasileiros (Foto: Reprodução) (Foto: )

A defesa de Marin afirma que ele é inocente. Por meio da assessoria da CBF, Del Nero sustenta que "não existe e nem existirá qualquer prova" que o incrimine. A defesa de Ricardo Teixeira afirma que só vai se manifestar depois de ser comunicada formalmente do caso, o que ainda não ocorreu.

A investigação recém-iniciada pelo MPF com base nos documentos apreendidos no Paraguai junta-se a outra, que vai começar a partir do pedido de prisão de Ricardo Teixeira na Espanha. O ex-presidente da CBF é acusado de formar uma associação criminosa com Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, para lavar dinheiro obtido ilicitamente.

Eles teriam, sempre segundo a acusação espanhola, recebido mais de R$ 50 milhões em comissões ilegais na venda de amistosos da seleção brasileira. Rosell está preso na Espanha há dois meses. No mês passado, o ex-presidente do Barcelona tentou usar a CBF para sair da cadeia. Ele apresentou como recurso uma carta da entidade, assinada pelo secretário-geral Walter Feldman, na qual a confederação diz que "não se sentiu prejudicada" pela atuação de Rosell e Teixeira. A justiça da Espanha negou o pedido.

Neste caso específico da Espanha, a defesa de Ricardo Teixeira afirma que ele é inocente. Em entrevista recente ao jornal "Folha de S.Paulo", o ex-presidente da CBF afirmou:

– Tudo que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não.

Ricardo Teixeira:  procurado pelas polícias de Espanha e EUA (Foto: Reuters) (Foto: ) Ricardo Teixeira:  procurado pelas polícias de Espanha e EUA (Foto: Reuters) (Foto: )

Ricardo Teixeira: procurado pelas polícias de Espanha e EUA (Foto: Reuters) (Foto: )